quinta-feira, 23 de abril de 2009

CORAÇÃO

O matagal nasceu da poeira das rachaduras do piso
o telhado caiu com o peso das plantas alimentadas pela chuva
sem chão ou topo
as paredes solitárias começam por desmanchar
e vão caindo uma por uma
até nem ruínas existirem mais
e volta tudo ao antes primitivo
a vida verdejante toma conta do que antes parecia só morte
e por fim
diante do que não mais sobra
nem sombra de que ali vivera alguém
só resta vida pura
sem vestígio da morte de uma família.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

ABSOLVIÇÃO

Um poço cheio de cadáveres de meninos
escolas de grades grossas
casas convenientemente fechadas
diante do desconforto dum não-lar.
Um poço cheio de cadáveres de meninos
ruas: exércitos de meninos soldados
florestas: ruas de meninos soldados.
Diante da fome
Diante do frio
Diante da pobreza
Um poço cheio de cadáveres de meninos
transborda
de sangue infectado por alucinógenos
alguns nadam
outruns boiam
tentando escapar
da fatídica absorvição.

RUMO DIREÇÃO NADA

Flutuo?
Afundo?
Boio sem rumo direção nada?
Fujo?
Fico?
Faz-se de conta que eu parto?
Bloqueio?
Aparo?
Reparo no imediato sem conta?

Se sou fuga
Se sou espaço
Estrago a mim
...........em mim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O PODER DE INTERVIR

Os Estados Unidos lançaram DUAS bombas atômicas.

Os Estados Unidos lançaram ao espaço vários foguetes.

Os Estados Unidos interveem política e militarmente nos países do leste há décadas.

O Iran não pode ter energia atômica. Estados Unidos, França, podem.

A Coréia do Norte não pode lançar foguetes para pôr satélites de comunicação no espaço, pois é a mesmíssima tecnologia usada para bombardear Japão e Estados Unidos. Mas quem controla o alcance dos mísseis norteamericanos?

Tirando que o Iran pode realmente fazer uma bomba atômica, ou a Coréia do Norte realmente criar um míssil que atinja países ao redor, qual a diferença do que os Estados Unidos, a França, e os outros países do conselho de segurança da ONU fazem?

A diferença é que os Estados Unidos não permite que ninguém mais tenha poder. É o medo do leão, que expulsa todo filho seu quando começam a surgir os primeiros pelos da juba. E isso tudo, toda essa tecnologia da morte, quem trouxe ao mundo?

Proteger sua terra é uma coisa, impedir que outras nações soberanas busquem seus próprios caminhos, e ameaçá-las com armas e discursos políticos inflamados é outra coisa.

O senhor Obama é a maior de todas as ilusões capitalistas, ele é a ilusão de igualdade, de liberdade, de fraternidade. Ele é um negro na Casa Branca! Não obstante ele ser mestiço, escrever em sua biografia que É mestiço, e NUNCA ter dito ser negro, ele É o sonho dos desvalidos, com sua divindade que fora carpinteiro e crucificado pela maior potência do mundo, o senhor Obama AUMENTOU o contingente de homens no Afeganistão, enquanto trapaceava o mundo dando uma canetada para retirar as tropas do Iraque com um belo prazo ainda de ocupação e lucro de empresas norteamericanas.

Como escrevi no ensaio anterior: o mito do superman é o louvor da arma. Quem tem a maior arma é falicamente o mais poderoso. Tirante o fato do senhor Obama talvez acreditar na própria falácia de AMERICAN DREAM, e que seja o próprio superman, THE SELF-MADE MAN, e que ele seja, desta feita, o salvador do mundo, a.k.a. capitalismo, o senhor Obama só dá mostras que é o que é, o presidente dos Estados Unidos da América, não o salvador do mundo, e os interesses norteamericanos são simples, parafraseando um desenho animado yanque: “Tentar dominar o mundo.”

E o maior pesadelo deste conglomerado de Estados, que se não fosse por Benjamin Franklin, e ainda antes, no trato do Mayflower, teria se esfacelado em vários pequenos países, é ver sua hegemonia militar-político-economico desvanecer ante os próprios olhos.

Os Estados Unidos são uma crença. A crença em sua própria imortalidade como império, pois todos os seus sábios devem ter descoberto a forma certa como evitar o inexorável colapso de todos os impérios da história. Provavelmente é a FÉ que o capitalismo é flexível, e indestrutível. Porém em seu ato de FÉ, os Estados Unidos esquecem também que além de indestrutível e flexível, ele é volátil, hoje está com alguém, como antes esteve com a Inglaterra, antes com Portugal, antes com a Itália (Florença). Esquecem que o capitalismo é uma amante ingrata, ela nos abandona quando mais precisamos dela, para se deitar com o próximo da linha de sucessão. Talvez o capitalismo seja Gertrudes, muda a cama para o outro lado do Atlântico, mas o amante continua sendo da mesma família. Esquecem que o ato do presidente pedir mais dinheiro, bilhões, trilhões de dólares, e ser atendido, não é só um ato insano e louco, produzir dinheiro sem lastro, isto é, passar cheque sem fundo baseado na minha fama de grande homem de negócios, é o mesmo que deixar a porta eternamente aberta para a destruição. Um dia alguém vai ter que pagar por tanto dinheiro, e nem todo o tesouro do mundo será suficiente.

O senhor Obama é o superman do capitalismo, ele praticamente salvou-o da crise, mas como todo leitor de Comics norteamericanas sabe, todo ano tem uma crise nova para alavancar as vendas dos produtos, a crise no capitalismo é situação sine quae non de sua própria existência, o medo do senhor Obama e de todos os príncipes que tomarão a coroa burguesa da presidência dos Estados Unidos da América, é imaginar que na esquina da próxima crise estará esperando o próximo amante de Gertrudes, e finalmente venham reclamar o preço dos cheques sem fundo.